Sunday, September 03, 2006

No Museu 1

“Where not to be seen: at a Happening”.
Parece frase roubada ao Flying Circus mas é o que dizia a revista Esquire em 1966, quando a moda começava a cansar. Allan Kaprow, que os livros acusam de os ter inventado, também se cansou, mudando-lhes o nome para “Activities” e praticando-os fora do circuito artístico, de que se dizia estrangeiro.
Uma acção de Kaprow: instruir o funcionário de uma galeria a pegar num regador e molhar o passeio todos os dias antes da sua abertura. Sem aviso ou qualquer espécie de documentação, o acontecimento ganhava a visibilidade própria da poeira, ou de um insecto no jardim. Outros microeventos programados incluíam manter um sorriso por muito tempo; dar dinheiro ao parceiro; trocar beijos e outras gesticulações mínimas, executadas como vagarosos exercícios de meditação.
Fiel até ao fim aos princípios da subtileza aplicada, Allan Kaprow morreu em Abril, e o mundo, mais uma vez, parece não ter reparado neste “acontecimento”.
Em jeito de homenagem (só porque sim), fica a sugestão espontânea de possíveis microeventos ao alcance de qualquer um. É fácil, não custa nada, e parece que é arte.
- Parar e rodar sobre si próprio sempre que se cruzar com gémeos.
- Dizer alto o nome de quem se gosta sempre que um casal se beije em público.
- Desatar os cordões e atá-los outra vez quando ouvir um telemóvel com o mesmo toque que o seu.
- Escrever num papel o nome de todas as personagens do filme que acabou de ver no cinema.
Aceitam-se outras sugestões, que o senhor merece…

1 Comments:

Blogger bacondog said...

Aqui na rua de baixo funciona. Se gritares mais alto ouve-se até na casa de banho!
Estamos ansiosas por assistir à abertura da caixa da Pandora. E etc, etc,etc...com cervejas à mistura!

3:24 PM  

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